Padrinho Sebastião

Padrinho Sebastião

Sebastião Mota de Melo, um nome que ecoa pelas entranhas do Brasil e além, uma figura mística e visionária, cuja vida se entrelaça com os mistérios da floresta e os segredos de uma doutrina do Santo Daime. Nascido em Eirunepé, em um rincão amazônico, no dia 7 de outubro de 1920, Padrinho Sebastião, como ficou conhecido, é uma figura que transcende sua época e sua geografia, tornando-se um farol espiritual para aqueles que buscam a luz nas profundezas da selva.

Sebastião Mota de Melo foi além das fronteiras geográficas e culturais, unindo em sua doutrina os fios de três tradições étnicas que moldaram a identidade do povo brasileiro: os indígenas, os africanos e os europeus. Nesse caldeirão de crenças e símbolos, Padrinho Sebastião encontrou sua vocação espiritual, guiado pelo chamado do Daime, um elixir divino que desvendou em sua jornada de cura e revelação.

Seu destino o conduziu aos ensinamentos de Raimundo Irineu Serra, um mestre carismático que viajava entre as dimensões espirituais e terrenas. Com a graça de Irineu, Sebastião Mota de Melo deu continuidade a essa jornada de iluminação, fundando a CEFLURIS, uma entidade religiosa que se tornaria um farol da doutrina do Santo Daime. Nesse caminho, o Padrinho vislumbrou a fusão harmoniosa das divindades cristãs, com o Deus Pai, Jesus Cristo e Nossa Senhora, formando uma doutrina profundamente cristã.

Uma das realizações notáveis de Padrinho Sebastião foi a fundação da Vila Céu do Mapiá, um recanto espiritual que acolhe peregrinos de todas as partes do mundo, sedentos pela experiência mística proporcionada pelo Santo Daime. Sua dedicação não se limitou ao mundo espiritual, pois ele se entregou à construção de canoas e à exploração das selvas que amava e conhecia profundamente.

Padrinho Sebastião é também lembrado pela manifestação do hinário “O Justiceiro”, com seus 156 hinos, e pela inspiração da “Nova Jerusalém”, que deu voz às palavras de São João Batista.

Chang Whan – foto de 07/1989, Céu do Mapiá, Acre.
Foto de Chang Whan – 07/1989, Céu do Mapiá – Acre.

Em 1990, o mundo perdeu fisicamente Padrinho Sebastião, mas seu legado persiste, e ele é lembrado como o “Mestre Fundador” do modelo de vida comunitária na doutrina do Santo Daime. Seu espírito vive nas canções entoadas nas cerimônias do Daime e nas florestas que ele tanto amou.

Hoje, Madrinha Rita, sua esposa, continua a manter a chama acesa no Céu do Mapiá, seguindo os passos do fundador e recebendo visitantes de todo o mundo. Padrinho Sebastião permanece como um farol de sabedoria espiritual, iluminando o caminho daqueles que buscam a conexão com o divino por meio do Santo Daime. Seu nome é eterno, seu espírito é imortal, e sua jornada é uma inspiração para todos nós que buscamos a verdade e a transcendência.

Conquistas e Legado

A trajetória de Sebastião Mota de Melo, reverenciado como Padrinho Sebastião, se revela como um épico espiritual e uma jornada de profunda dedicação ao Santo Daime. Seu caminho começou humildemente, nas margens do Vale do Juruá, onde ele era reconhecido como um rezador e curador, invocando rituais ancestrais para aliviar os males físicos e espirituais daqueles que o buscavam.

Foi na Doutrina Espírita que Padrinho Sebastião encontrou um novo portal para suas experiências mediúnicas. Guiado por seu compadre Oswaldo, um kardecista comprometido com a exploração das fronteiras entre o mundo material e o espiritual, Sebastião iniciou uma jornada de descoberta que iria moldar o rumo de sua vida.

Em 1957, ele e sua família tomaram uma decisão corajosa ao se estabelecerem como colonos em Rio Branco, um ponto de viragem em sua jornada espiritual. Lá, Sebastião atendia com compaixão parentes, afilhados e compadres afligidos por doenças e dilemas da alma.

No entanto, seu destino estava traçado de maneira divina. Recebendo a sagrada incumbência de Mestre Irineu, Padrinho Sebastião abraçou a missão de difundir a Doutrina do Santo Daime pelo mundo. Em 1974, fundou a CEFLURIS, um templo espiritual e entidade filantrópica dedicada à causa do Santo Daime. Sob sua liderança, a CEFLURIS se tornou o epicentro das práticas espirituais envolvendo a sagrada bebida.

Em 1980, um marco transformador ocorreu quando Padrinho Sebastião levou sua comunidade para o coração da floresta, estabelecendo-se no Seringal Rio do Ouro. Lá, em meio à exuberante mata virgem, ele encontrou a paz e a harmonia necessárias para continuar sua missão.

Em 1982, sua visão se concretizou com a fundação da Vila Céu do Mapiá, um local de peregrinação e profunda espiritualidade que atraiu seguidores do Santo Daime de todas as partes do globo. Ali, Sebastião trabalhou incansavelmente, não apenas no plano espiritual, mas também material, contribuindo para a construção de canoas e explorando a floresta que ele amava tão profundamente.

Seu dom espiritual se manifestou em hinários notáveis, como “O Justiceiro”, que compreendia 156 hinos, e a “Nova Jerusalém”, com 26 hinos, uma expressão viva das palavras de São João Batista.

Nos anos finais de sua jornada terrena, Padrinho Sebastião acolheu com carinho todos aqueles que buscavam o Santo Daime, vindos de todas as partes do mundo. Suas viagens ao sul do Brasil expandiram a influência de sua doutrina, deixando uma marca indelével nas igrejas que se formaram com base em seus ensinamentos.

Em 1990, o mundo perdeu fisicamente Padrinho Sebastião, mas seu legado continua vivo e florescente. Seu filho, Alfredo Gregório de Melo, assumiu a liderança, e Padrinho Sebastião é agora reverenciado como ‘o Mestre Fundador’ do modelo de vida comunitária dentro da doutrina do Santo Daime.

Sua esposa, Madrinha Rita, permanece no Céu do Mapiá, mantendo a chama acesa e recebendo visitantes de todas as partes do globo. O espírito de Sebastião Mota de Melo perdura na essência do Santo Daime, e seu nome ecoa como um farol espiritual, iluminando o caminho daqueles que buscam a conexão com o divino. Seu legado transcende o tempo e o espaço, oferecendo uma inspiração eterna para todos nós que almejamos a verdade espiritual e a transcendência.

Obras:

  • Hinário O Justiceiro – 156 hinos
  • Hinário Nova Jerusalém – 26 hinos
  • Hinário Oração – 14 hinos

Referências

Santo Daime – A doutrina da floresta. «Origens – Sebastião Mota de Melo». santodaime.org. Consultado em 9 de setembro de 2010
Lucas Kastrup Fonseca Rehen (dezembro de 2007). «”Receber não é compor”: música e emoção na religião do Santo Daime». Rio de Janeiro: Univ. Est. de Campinas. Centro de Estudos de Religião.; Instituto de Estudos da Religião. Religião & sociedade [online]. 27 (2): 181-212. ISSN0100-8587. Consultado em 14 de julho de 2010
A História do padrinho Sebastião do original em 19 de maio de 2009 Sérpico, Rosana L. – Ayahuaska: Revisão Teórica e considerações botânicas sobre as espécies Monografia Guarulhos/SP Inep-Univ. de Guarulhos Oliveira, Isabela – Santo Daime: Um sacramento vivo, uma religião em formação – Tese de Doutorado Brasília/DF Univ. de Brasília – Daniel Martinez de Oliveira (janeiro de 2009).
«Hinário O Justiceiro». Consultado em 11 de julho de 2010. Arquivado do original em 13 de abril de 2007

1 comentário em “Padrinho Sebastião”

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